terça-feira, 30 de maio de 2006

We Come 1

"All the subtle flavours of my life have become
Bitter seeds and poisoned leaves without you
You represent what's true
I drain the colour from the sky
And turn blue without you

These arms lack a purpose
Flapping like a humming bird
I'm nervous 'cause
I'm the left eye, you're the right
Would it not be madness to fight
We come one"

Faithless - We Come 1 (adaptado livremente)








Foto: NASA

domingo, 28 de maio de 2006

Um

Se te seguro a mão
Rasgo o tempo
Dois não mais
Um em diante
A ferida aberta
Uma vida, um instante...
E a vida que pára
E retorna a soluçar
No segundo mais curto
Para aquele lugar






Foto: Virginia Kline

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Alone in Kyoto


Air - Alone In Kyoto









Foto: Autor desconhecido

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Aquela rua

Descer aquela rua em Agosto
Tortura doce e molhada
O som crú e seco
Que atira às paredes a calçada
Um toque de pincel
Num pulso seguro
Numa tela feita de noite e madrugada
Um ar seco e escuro
Que enche a alma
A maresia de cores profundas
Que nos deixa indefesos
Perante a noite insistente
Que aparece e rouba
Quando o presente é tomado
E o futuro desaparece
E só retorna novamente
Quando ao passar naquela rua
O som do meu andar finalmente
Se desvanece

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Parado no tempo

Corro e fico parado
O tempo desloca-se à frente
Um horizonte longínquo ao lado
Momentos gotejam
E a dor salpica
Quando tudo o que seria
Já foi
O mundo desaparece
E eu fico sozinho







Foto: Autor desconhecido

domingo, 14 de maio de 2006

No caminho das árvores

Ternura selvagem
Recorres em ondas
A esquemas tácticos
Para me arrancar o coração
Donde prometes o amanhã
O devido
E o momento
Donde sempre escutaste
Donde sempre viveste
E andaste.
O passeio relvado
Beirado por seixos
No caminho das árvores
No tempo adiante
Na memória profunda
Dentro de mim
Procuro-te e sigo
As tuas pegadas...






Pintura: Tjasa Owen, "Four Trees and Path Along the Edge of the Sea", Acrílico/Óleo pastel em tela

The Test

Can you hear me now?
Am I coming through?
Is this sweet and pure and true?

I'm seeing waves breaking form to my horizon
Yeah I'm shining
I'm seeing waves breaking form to my horizon
Lord I'm shining

Oh are you hearing me?
Like I'm hearing you
Oh are you hearing me?
Like I'm hearing you?

You know I almost lost my mind
But now I'm home, now I'm free

Did I pass the acid test?

The Chemical Brothers feat. Richard Ashcroft - The Test
(adaptado livremente)









Foto: Elizabeth Sloan

sábado, 13 de maio de 2006

A verdade em ti

A verdade das coisas
Está em ti
E na tua razão.
No teu fechar de olhos
Seguras o momento
Que prende a vida
Que julgas solta
E que se agarra
E te abraça e te beija
E te volta a abrir
Os olhos
Para que possas ver
O dia quente
Que nasceu hoje







Foto: Joe Price

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Roads



"Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
We've never found our way,
Regardless of what they say.

How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.

Storm,
In the morning light,
I feel,
No more can I say,
Frozen to myself.

I got nobody on my side,
And surely that ain't right,
Surely that ain't right."

Portishead - Roads (adaptado livremente)


Foto: Autor desconhecido

Devolvido ao mundo

Se eu fosse de noite
Talvez não voltasse
Porque à noite
O ar é mais fino
E não há coberta que abrace
O que o frio gentilmente entorpece
Como um toque de veludo
E uma força de maré.
À noite não é tempo
Para andar no vazio
Um recorte perdido
De um livro sofrido
Esquecido de dia
No meio de tudo
Encontrado na noite
Devolvido ao mundo






Foto: Kevin MacLeod www.incompetech.com

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Inspiração

Nada me fazia dançar
Como a tua voz, o teu sorriso
O pulso da dança ritmada
Lado a lado com o meu coração
E o teu
E o das árvores
Da terra
Do céu
Do mar
Do espaço
Do infinito
Da inspiração.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Cinzas e pó

Acordei de rompante, um som estridente tremeu-me os ossos de dentro para fora, com tanta força que quase caí da cama. Neste limiar do acordar não me lembro bem de quem sou, se a juventude perdida de outrora se a inquietude reaccionária de amanhã. Todos os dias por um processo que não desvendo me posiciono perante a vida, como se de um retrocesso ao ponto de partida se tratasse. Todos os dias a mesma dúvida naquele lusco-fusco de tempo, em que o mundo poderá estar outra vez como antes à espera lá fora. Mas não está. O sol desapareceu dos céus assim como toda a côr e vida. Respiramos através de aparelhos que se confundem agora com os nossos corpos, que são inerentemente orgãos humanos, desprovidos de vida orgânica mas contudo bafejados da nossa esperança e dependência. A pouca radiação existente na superfície juntamente com os químicos e as tentativas falhadas de adaptação da natureza roubam-me as cores do meu vestido. Já não me recordo bem do que era o côr-de-rosa, mas lembro-me da palavra e lembro-me do significado emocional que tinha para mim. A côr em si fugiu-me no entanto, por entre os dedos, ao longo dos anos, ao longo deste tempo maldito em que nos tentamos lembrar de nós, mas estamos descalços a correr atrás de uma memória escorregadia. Não sei para onde vamos, nem sei se vamos continuar a ser o que somos hoje e o pouco que conseguimos ser ontem... Sei no entanto que o meu vestido continua a ser côr-de-rosa, contrariamente ao que os meus olhos me dizem. E se hoje vejo os meus filhos lá fora nas cinzas e no pó, esquecidos do Homem, isso dá-me esperança que eventualmente acabemos por nos adaptar. Eu no entanto morrerei num tempo longínquo, longe deste, onde os dias eram mais doces e as noites mais serenas. Maldito acordar... Malditos segundos em que acordo presa ao passado por uma cola viscosa que não me quer largar...

Pintura: Kathie Olivas, "Gas Mask Girl" da série Misery Children, Óleo em tela 12.7x25.4cm

Sonho dos sonhos

O meu sonho é o teu sonho
E eu vou sonhá-lo contigo
Porque um sonho tão grande
Que não cabe no nosso sonho
É o sonho dos sonhos
E não pode ser sonhado sozinho...









Foto: Autor desconhecido

Inacabado I

Love... Night...
Pictures... You...
Channels... Off...
Sight-seeing... Underground...
Poetry... Motion...
Memories... Ghosts...

(inacabado)

Vaka



Sigur Rós - Vaka










Foto: Autor desconhecido

domingo, 7 de maio de 2006

Azul petróleo

Azul petróleo
Amor confuso
Rochas quebradas
Na costa deserta
Ruas vazias
Na cidade esbelta
Verdades ocultas
Num véu rendilhado
A alma que escuta
O céu renovado
A pintura na pele
O canto do fado
Um odor de encanto
Vento distante e sonhado








Pintura: Lisa Eastman, "Blue Moon", 2005, Óleo em tela

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Amanhã

Ouvir o teu mel
É sentir a altura maior que o mundo
Atiras-me para longe
E trazes-me de volta
Atiras-me tardes quentes
Devolves-me cores ausentes
Diz-me hoje o que quiseres
Mostra-me hoje o teu mundo
As cascatas do lago profundo
Hoje és minha, reluzente
Amanhã sou teu sem saberes

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Verdadeiramente

A onda enrola-me o mundo
Tu vieste e sentaste-te
Pés descalços... Como não te vi?
Um segundo tenso
Um minuto suspenso
E já entendi
Que quem aqui se sentou
Não foste tu ao meu lado
Mas sim eu ao lado de ti...









Foto: Jeffrey Moy

Cherry blossom girl


"I don't want to be shy
Can't stand it anymore
I just want to say 'Hi'
To the one I love
Cherry blossom girl

I feel sick all day long
From not being with you
I just want to go out
Every night for a while
Cherry blossom girl

Tell me why can't it be true

I never talk to you
People say that I should
I can pray everyday
For the moment to come
Cherry blossom girl

I just want to be sure
When I will come to you
When the time will be gone
You will be by my side
Cherry blossom girl

Tell me why can't it be true

I'll never love again
Can I say that to you
Will you run away
If I try to be true
Cherry blossom girl

Cherry blossom girl
I'll always be there for you
That means no time to waste
Whenever there's a chance
Cherry blossom girl

Tell me why can't it be true"

Air - Cherry Blossom Girl (adaptado livremente)


Foto: David Hansson

Tangos mal dançados

Debaixo de água eu flutuo
Sonhos de cores vivas
Enebriam os sentidos
Conjugas-te azul verde e zinco
Pétalas, algodão e um odor distinto
Para fugires com
Tangos mal dançados
De um mundo ainda inacabado.
Debaixo...
De água...
Eu...

terça-feira, 2 de maio de 2006

Adormeço...

Duro é o solitário trilho da razão.
Vôo sozinho por entre baralhos de árvores,
Apenas para me aportar e descobrir
Que ninguém mora lá.
Olho em volta e nada sinto
Senão a harmonia da tua música
O lento sussurrar do teu peito, arfante,
Enche-me de memórias.
Sou criança que parte ingénua e esperançada
E que retorna velha e cansada à terra natal,
Para se render ao berço acalorado.
Faço de ti meu repouso
E descanso em paz o guerreiro que há em mim,
Acabado de cair em campo de batalha.
Adormeço...







Foto: Autor desconhecido

segunda-feira, 1 de maio de 2006

O caminho

Perdi-me naquela estrada
À procura do teu lugar
Chamei o nome
Vezes sem conta
O nome não quis retornar
Perdi-me no caminho
Que dava para ti
Onde o sonho descansa,
A promessa é cumprida
Mas o sonho abraça-me forte
E acho que ainda aqui estou
Preso no sítio de partida









Foto: Jack Plociennik

À noite as distâncias

Silêncio...
A noite entra
E esvazia o espaço de intenções
Não estive calado
Gritei-te, cantei-te e ri-te
Um pouco de cada,
Tudo de uma vez.
E contigo lembrei-me
Que as milhas que são milhas
São passos agora
E que distâncias cruzadas
Entre as palavras trocadas
São abraços confusos
Mas de doces veludos.
E que tu existes
Em noites como esta
Para...
Para te escrever e compôr...